As faixas espalhadas nas portas das lojas nas entrequadras da Asa Sul, anunciando liquidações e até mesmo vendendo os espaços, revelam o que já era esperado. O comércio brasiliense fechou 2015 com queda de 18,69% nas vendas em relação ao ano anterior. Segundo o Instituto Fecomércio, o resultado é o pior da série histórica medida pela Pesquisa Conjuntural de Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal, realizada desde 2006. E as perspectivas para 2016 também não são nada animadoras.
“Não há muito a se esperar. Confesso que no papel que exerço é difícil, mas não posso fugir das análises”, afirma o presidente do Fecomércio, Adelmir Santana. Para ele, infelizmente, os resultados do ano passado apenas refletem o cenário econômico brasileiro. “Foi um conjunto de fatores. Entre eles, as taxas de juros, a inflação em patamares indesejáveis, os baixos índices de confiança e, naturalmente, o desemprego”.
Serviços
Vale lembrar que as vendas também tiveram queda expressiva, de 17,85%, no acumulado dos últimos 12 meses, quando somados comércio e serviços.
“Infelizmente, isso já era esperado. Já em 2014, encerramos o ano com um resultado negativa, na ordem de 6%. Em 2015, não me surpreendeu. Todas as datas comemorativas demonstravam isso. As vendas estavam em queda”, salienta o presidente do Fecomércio.
Ainda de acordo com a Pesquisa Conjuntural, houve um alívio nas vendas de dezembro em relação a novembro (alta de 12,35%). Nessa comparação, apenas os segmentos de Floricultura e o de Óticas registraram queda, de 5,70% e 0,24% respectivamente. Por outro lado, outros segmentos tiveram alta nas vendas em dezembro, como vestuário (42,77%) e calçados (37,67%).
No entanto, para donos e vendedores de roupas e sapatos, a realidade é diferente. “Tenho certeza de que 2015 foi o pior ano de todos os tempos. O Natal não compensou nada. Vou fechar minha última loja no dia 10 do mês que vem. Eu tinha mais três. Tive que ceder à crise”, conta Vinicius Albuquerque, de 65 anos, proprietário de uma loja de calçados na 302 Sul.
“Tenho 38 anos de experiência neste ramo e posso dizer que não está fácil para os pequenos empresários. Vou tentar levar a loja para outra quadra, mas não garanto sucesso”, arrisca Albuquerque. “Cheguei a ter 40 empregados. Agora, vou ficar com duas pessoas apenas”, revela também.
Descontos não ajudam muito
Também na Asa Sul, na quadra 106, a vendedora de uma loja de roupas conta que nem os descontos estão dando o resultado esperando. “Tem peças aqui que custavam R$ 279 e estão agora por R$ 79. Mesmo assim, a coisa está feia. As pessoas estão consumindo bem menos do que antes”, diz Fran Silva, de 28 anos.
Segundo a comerciante, há quatro anos ela e as colegas conseguiam atingir a cota mensal da loja, de R$ 40 mil. Agora, confessa, “está difícil vender R$ 30 mil”. “Desde 2014 já vinha nesse ritmo. E eu acho que com a crise e tudo que aconteceu no ano passado, as pessoas foram se prevenindo, gastando menos”, avalia Fran Silva.
Na tentativa de reverter o cenário, aconselha o presidente do Fecomércio, Adelmir Santa, é importante que os pequenos empresários se atentem às novas formas de venda. “Por exemplo, o comércio pela internet. Muitas pessoas optam por esse tipo de venda, que facilita a vida do consumidor”, salienta. Além disso, observa, “os consumidores voltaram a fazer compras de mês, a procurar lojas maiores, de departamentos”.
Saiba mais
As vendas mundiais do iPhone cresceram apenas 0,4% no último trimestre do ano passado, o menor ritmo de crescimento para o produto desde seu lançamento, em 2007. O resultado, abaixo do esperado por analistas, dá força às preocupações de que o smartphone tenha chegado ao seu limite.
De acordo com dados divulgados ontem, a Apple vendeu 74,8 milhões de aparelhos nos últimos três meses de 2015, só 300 mil a mais que os registrados no mesmo período de 2014.
No Brasil, hoje o quarto maior mercado de smartphones do mundo (atrás de China, EUA e Índia), a participação da companhia se manteve estável, segundo estimativas da consultoria Euromonitor. Os iPhones representaram 10% dos 63,2 milhões de smartphones vendidos no Brasil em 2015, índice só um pouco menor do que os 9,9% registrados em 2014.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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