sábado, maio 03, 2014

Saúde pública: barreiras para a cura de Beatriz


Família diz que rede não oferece estrutura necessária ao tratamento de adolescente com doença rara
Internada no Hospital de Base,  Beatriz Azevedo Passos   sofre de uma doença rara conhecida como Síndrome de Angelman, que vem se agravando nos últimos meses com o desenvolvimento de epilepsia. 


Segundo a família da jovem, o quadro já dura quatro meses e poderia ser tratado, amenizando as crises de convulsões, com remédios importados – indisponíveis na rede pública. Para piorar, a menina de 16 anos e   87 quilos   perdeu uma colega de quarto e   aguarda o resultado para saber se, assim como a outra paciente, foi contaminada pela bactéria KPC.

A mãe de Beatriz, Leidemar Au rora de Azevedo, conta que a medicação que diminuiria os efeitos das convulsões, Keppra e Levetiracetam, é importada da França. Mas, por não serem regulados pela Secretaria de Saúde, os remédios não podem ser comprados. “Na segunda-feira que vem, entrarei com um pedido no Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) ou na Defensoria Pública da União (DPU) para acelerar a compra do remédio, que custa em média R$ 710”, declara Leidemar, que tem outros três filhos. Ela diz que apenas o marido, que é vigilante, trabalha e não consegue arcar com todo o tratamento.

Falta tudo
A mãe afirma que os médicos que atendem a menina são muito bons, mas que eles não têm condições de trabalho  nem material para desenvolver o trabalho de forma adequada. “Aqui as fraldas para ela não cabem, por isso conto com doações e a ajuda das pessoas. Também não tem o laxante, que não temos condições de ficar comprando.  Beatriz está também com essa dificuldade”, conta Leidemar.

A adolescente está em isolamento no Hospital de Base devido à suspeita de infecção por conta da bactéria KPC. A contaminação ocorre  por meio do contato com outros pacientes infectados ou pelo ambiente associado à baixa imunidade dos pacientes internados. A colega de quarto, segundo a família, morreu em decorrência do contágio no próprio Hospital de Base.
Solidariedade nas redes sociais

Beatriz conta com a solidariedade de pessoas que acompanham o caso pelo Facebook. Na rede social, a    menina ganhou uma página denominada SOS Beatriz, que já  possui mais de mil “curtidas” de pessoas que se sensibilizam com o drama da adolescente.
 
A página informa que Beatriz chega a ter 20 convulsões por minuto e que o desejo é que ela seja transferida para um instituto neurológico em Goiânia, mas, ainda sim, ela precisa da medicação, que teria sido negada pela Secretaria de Saúde, segundo informa a página.
 
Para tentar diminuir as crises, a menina toma três anticonvulsivos, que não são suficientes para reduzir os estragos que ocorrem a cada crise. “Antes, ela andava e até corria, mas falava pouco. Agora,  só anda com ajuda e tem que ter força para segurá-la, pois ela perde o equilíbrio. Até para sentar é preciso apoiá-la, caso contrário ela cai”, explica a mãe, a dona de casa Leidemar Aurora.
 
CBD

A exemplo da família Fischer, a mãe de Beatriz tentou, junto aos médicos, o uso do Canabidiol (CBD) – substância retirada da maconha, que foi liberada para tratamento pela primeira vez para a menina Anny Fischer, que recebeu o primeiro lote legal, na última quarta-feira, como divulgado ontem pelo JBr – porém, os médicos não concordaram em receitar a substância. Ela não é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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