“Mudar agora o comandante-geral da Polícia Militar ou o secretário de Segurança Pública não melhora os problemas do Distrito Federal. Muito pelo contrário”, ponderou a presidente da Câmara Legislativa, distrital Celina Leão (PDT), sobre crise de comando, detonada pelo confronto entre professores e a PM na semana passada.
Segundo Celina, o caso deve ser apurado em detalhes, antes de qualquer tipo de punição. Na próxima terça (10), a Câmara deverá receber um grupo de PMs do BOPE para colher a versão da corporação sobre o episódio. A presidente compartilha da versão oficial do Buriti, na qual o comandante-geral teria pedido exoneração.
O deputado Roosevelt Vilela (PSB) considera que a ação da PM foi técnica. “Se as ações fossem extremadas teríamos visto cenas graves, como pessoas mortas. A PM utilizou bala de borracha e não munição letal”, explicou. Vilela também considera qualquer mudança nos comandos da Segurança Pública seria prejudicial para o DF.
“Ruídos para destabilizar o governo não faltam. Muitos vem dentro do próprio governo, de forma irresponsável”, criticou. Todavia, Vilela enfatizou que caso as apurações comprovem excessos, os responsáveis devem ser responsabilizados, mesmo sendo da coorporação.
“Estão colocando a culpa da crise na Segurança Pública, no colo da PM. Como se fossem responsáveis por todos os problemas. Eu repudio a violência contra os professores. Mas é necessário que não se demonize a PM”, afirmou o deputado distrital Cláudio Abrantes (Rede). Para Abrantes, a Segurança Pública é uma das poucas áreas que estão tendo bons resultados no GDF.
Cordões de isolamento desaparecem
Como parte da pressão para impedir uma eventual exoneração do comandante-geral da Polícia Militar, a alta cúpula do órgão teria ameaçado colocar os próprios cargos à disposição e reduzir o policiamento em protestos e manifestações. A informação circulou enquanto o governador recebia coronéis da PM, pela manhã.
Tanto PMDF e associações ligadas à corporação quanto membros do governo negaram a manobra. Rollemberg alegou nada ter ouvido a respeito do gesto e descartou a existência desse pensamento pois “não houve, em nenhum momento, a cogitação da exoneração”.
Enquanto ele despachava da 206 Sul, no entanto, os professores da rede pública se aglomeravam em frente ao Buriti, reunindo 900 adeptos, segundo o sindicato — tudo sem o monitoramento costumeiro da Polícia Militar.
Havia apenas duas viaturas e um punhado de homens observando o movimento, de longe. Nada comparado aos cordões estabelecidos durante a assembleia geral dos servidores e a outras manifestações.
A corporação alegou que o movimento foi pacífico e não demandou maior atenção, mas a comparação de fotos de outros protestos mostra que, nas mesmas circunstâncias, dois critérios foram usados.
O presidente da Assor, coronel reformado Brambilla, revelou não saber se a ideia dos militares era realmente retaliar uma possível exoneração, mas assegurou que “todo mundo está do lado do comandante-geral da Polícia Militar”. Essa, avisou, “é uma crise de governança, não uma crise de segurança pública”, concluiu.
Versão oficial é contestada
Parlamentares de oposição contestam a versão oficial do Palácio do Buriti sobre a eventual saída do comandante-geral da PM. Tendo acesso a personagens da hieraquia da corporação, eles alegam que o governo tinha a intenção de dispensar o coronel Florisvaldo César, mas recuou. Um possível razão seria à iminente revolta de coronéis e demais policiais, aliados do comandante.
“Fiquei sabendo que ele (César) ia ser demitido do comando da PM por causa do que aconteceu na quarta-feira. Eu acho que seria uma medida totalmente errada. Mas o fato é que o governo voltou atrás”, contou o deputado Laerte Bessa (PR), delegado aposentado, após conversar com membros do alto escalão da PM, sem revelar nomes. Na avaliação de Bessa, o comandante-geral e a PM desempenham bons serviços para a população.
O deputado federal Alberto Fraga (DEM), fez uma postagem ácida contra o governo pelo facebook. “Governador Rollemberg, O senhor mostra a sua incopetência, quando diante de um grave problema, provocado por você mesmo, ao colocar a PM em confronto com os professores, sem uma resposta e com medo de assumir que a ordem foi dada por você, agora você acha um culpado e quer exonerar o comandante-geral da PM”, acusou.
De acordo com Fraga, oriundo da Polícia Militar, o confronto da semana passada mostra, mais uma vez, que falta capacidade de diálogo dentro do Palácio do Buriti. O parlamentar afirmou que o governo deveria ter enviado um negociador para conversar com os professores antes de ter acionado a polícia para fazer a desobstrução das vias.
"Fico feliz que o governador tenha tomado essa decisão (de manter o comandante). Teríamos reações e os comandantes certamente fariam corpo mole”, declarou. Para Fraga sempre que ocorre algum problema, um comandante é exonerado.
Preocupação é evitar repetição de problemas
1 - O deputado distrital Roosevelt Vilela fez ontem uma longa defesa da ação da PM na semana passada. “No Brasil temos mania de comparar tudo com futebol. Se o time perde uma vez já se pensa em trocar de técnico. Não é bem assim que as coisas deviam ser”, advertiu.
2 - Para o deputado federal Laerte Bessa, a recente crise da Segurança é um reflexo do baixa capacidade de gestão do governo. O parlamentar considera que a tendência é que o moral da tropa venha a cair.
3 - A presidente da Câmara Legislativa Celina Leão alertou que o impasse no comando das forças de Segurança pode engatilhar mais problemas. “Já sofremos com servidores e professores em greve. Imagine se a PM também resolver cruzar os braços? A corporação militar é hierarquizada”, detalhou.
4 - Segundo o deputado distrital Claúdio Abrantes, sobre o conflito da semana passada, há indícios de radicalismo na Polícia Militar, mas também entre os professores.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
0 comentários:
Postar um comentário