sexta-feira, março 07, 2014

Consumo de cocaína no Brasil mais que dobra em 10 anos

 

Consumo de cocaína no Brasil mais que dobra em 10 anos

Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, entidade ligada à ONU, critica a liberalização do consumo de maconha no Uruguai e regiões dos EUA e alerta: jovens sul-americanos parecem ter uma 'baixa percepção do risco' que representa o consumo da erva


Agência EstadoPublicação:05/03/2014 09:34
Em 2005, a entidade apontava que 0,7% da população entre 12 e 65 anos consumia cocaína no Brasil. Ao fim de 2011, a taxa chegou a 1,75%. Relatório da ONU faz também alerta sobre outras drogas (SXC.HU)
Em 2005, a entidade apontava que 0,7% da população entre 12 e 65 anos consumia cocaína no Brasil. Ao fim de 2011, a taxa chegou a 1,75%. Relatório da ONU faz também alerta sobre outras drogas
O consumo de cocaína no Brasil mais que dobrou em menos de dez anos e já é quatro vezes superior à média mundial. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 4, pelo Conselho Internacional de Controle de Narcóticos, entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), em seu informe anual. A entidade também critica a liberalização do consumo de maconha no Uruguai e regiões dos EUA e alerta: jovens sul-americanos parecem ter uma "baixa percepção do risco" que representa o consumo de maconha.

Em 2005, a entidade apontava que 0,7% da população entre 12 e 65 anos consumia cocaína no Brasil. Ao fim de 2011, a taxa chegou a 1,75%. De acordo com os dados da ONU, o consumo brasileiro é bem superior à média mundial, de 0,4% da população. A média brasileira também supera a da América do Sul, com 1,3%, e é mesmo superior à da América do Norte, com 1,5%.

O Brasil, segundo o informe anual, se consolidou não apenas como rota da cocaína dos Andes para a Europa como também passou a ser um mercado fundamental. Em 2012, as maiores apreensões de cocaína no Brasil ocorreram a partir de carregamentos da Bolívia seguidos por Peru e Colômbia.


Citando o governo brasileiro, a ONU aponta que o Brasil apreendeu em 2012 um volume recorde de 339 mil tabletes de ecstasy, cerca de 70 quilos. A média dos últimos dez anos aponta que as apreensões são de menos de 1 quilo por ano. Em 2012, houve ainda 10 mil unidades de anfetamina retidas, além de 65 mil unidades de alucinógenos, o maior volume desde 2007. O centro da produção de heroína no mundo continua sendo o Afeganistão, onde o cultivo bateu recordes em 2013 - 39% acima da área de 2012.

Se o consumo brasileiro cresceu, a ONU constatou uma queda no cultivo da coca na América do Sul em 2012. No total, 133 mil hectares foram plantados, 13% menos do que em 2011. O Peru se consolidou como líder, com 45% do total, seguido por Colômbia e Bolívia, com 36% e 19%, respectivamente.

Na Bolívia, o maior fornecedor brasileiro, a queda no cultivo foi de 7% - e 11 mil hectares de coca foram erradicados. Em 2012 a Colômbia erradicou 30 mil hectares, 25% do total. A área total de plantação chegou a 48 mil hectares, o menor nível registrado desde 1995. “O fornecimento da cocaína sul-americana no mercado global parece se estabilizar ou mesmo cair em comparação a 2007”, indica o informe.

Se a cocaína cai, o confisco de "grandes quantidades de maconha" na América do Sul "sugere um possível aumento na produção de maconha da região nos últimos anos", segundo a ONU. A apreensão de maconha teve uma forte queda no Brasil entre 2011 e 2012, de 174 toneladas para apenas 11,2 toneladas. Além disso, 21,7 hectares de cultivo foram erradicados no ano.

Segundo a ONU, a maconha continua sendo a droga mais consumida na América do Sul, por cerca de 14,9 milhões de pessoas. O número é 4,5 vezes o total dos usuários de cocaína. Uma vez mais o Brasil é destaque. "A prevalência do abuso de maconha aumentou significativamente na região nos últimos anos, em especial no Brasil."

A entidade ligada à ONU deixou clara sua preocupação diante de leis que regularizam o consumo. "O Conselho nota com preocupação a baixa percepção de risco diante do consumo da maconha entre a população jovem em alguns países sul-americanos", indica, apontando para estudos que mostram que 60% dos jovens no Uruguai consideram o risco do uso baixo.

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