terça-feira, março 11, 2014

Aprovação do governo já mostra crescimento


Para vice, iniciativas como a intervenção em empresas de transporte mostram que capital mudou para melhor
Daniel Cardozo
daniel.cardozo@jornaldebrasilia.com.br

O vice-governador Tadeu Filippelli, do PMDB, acredita que a aprovação do governo do Distrito Federal já aumentou desde que, em novembro, o Ibope aferiu que apenas 9% da população consideram a administração Agnelo Queiroz boa ou ótima. De acordo com Filippelli, os resultados mostrados nos últimos meses credenciam o atual  governo a ser visto com melhores olhos, mesmo após a crise na segurança pública. “Não é uma marca de um governo fraco a intervenção em duas empresas de transportes que há mais de 50 anos subjugavam a cidade, levando-a à condição de inexistência do sistema público de transporte. O vice lembra que todas as forças políticas do Distrito Federal já ocuparam o Buriti, “mas foi o atual governo que teve a determinação, a vontade política de promover mudanças como essa”. Os sinais de desgaste entre as direções nacionais do PT e do PMDB são minimizados pelo vice-governador. Para ele, a aliança não passa por turbulências na capital. Já teve sua continuidade anunciada no fim do ano passado. Para isso pesa, diz, os avanços ocorridos no Distrito Federal nos três últimos anos. Basta comparar, diz.

Por que, embora a política nacional presencie tensão entre PT e PMDB, isso parece não ter chegado ao Distrito Federal?
Primeiro, entendo que, do ponto de vista humano, os gênios do Agnelo e meu são  muito próximos. O governador e eu nos damos muito bem no dia a dia, na relação pessoal. Também vem um pouco da consciência de que apesar das dificuldades que atravessamos como governo — às vezes ficamos angustiados com a avaliação — temos a consciência que  assumimos esse desafio e estamos conseguindo levá-lo à frente. Às vezes, a própria avaliação que se tem do nosso governo fica aquém das realizações. Digo com toda tranquilidade porque, em qualquer segmento que se analisar, o conjunto de ações deste governo vai muito além daquilo que é conhecido e da forma como é avaliado e apurado.

A essa altura, já dá para assegurar que o DF é uma das unidades da Federação onde o PT e o PMDB ficarão juntos até a eleição?
Contamos com situação completamente diferente de outras unidades da Federação, porque historicamente, enquanto em diversos lugares já havia um quadro de aliança entre PT e PMDB, em Brasília sempre foram adversários viscerais. Todos os meus mandatos foram exercidos pelo PMDB e a vida toda tivemos o PT e o PMDB em antagonismo político. Veio então um determinado momento em que se abateu sobre Brasília uma dificuldade muito grande. Passamos por momentos em que se questionava até a representatividade política  de Brasília. PT e PMDB tiveram uma importância muito grande no entendimento de que as nossas divergências tinham que ser menores que os problemas do Distrito Federal. Não teria sentido, se cada um  lutava para construir uma cidade,  continuar nesse conflito, desconhecendo o que se passava na capital. Nesse momento, PT e PMDB, como outros grandes partidos, entenderam que valia a pena fazer uma grande união e enfrentar aquele momento difícil. Era inquestionável o que se falava sobre o mato de Brasília. Tinham sido suspensos os contratos de roçagem de grama, manutenção de serviços públicos e até a coleta de lixo. No primeiro dia de governo, um sábado, tivemos uma grande dificuldade, não tinha como abrir os restaurantes comunitários porque o contrato tinha vencido no dia anterior, sem qualquer tipo de providência. Outro choque foram as 72 certidões vencidas em todas as esferas. Não havia como buscar recursos para o DF Esse foi o quadro que nós encontramos. Graças a Deus, essa aliança permitiu que a gente, com uma angústia muito grande, fosse vencendo. Eu entendo como legítima a angústia que a comunidade sente na busca de velocidade de atendimento em alguns dos temas de governo. Mas pode estar certo, quem sente mais angústia somos nós, Agnelo como governador, eu como vice. 

Na saúde, por exemplo?
Eu queria saber como era naquele governo em que a gente tinha de menos da metade dos leitos de UTI que temos hoje. Em três anos, nós mais do que dobramos esse número. Como era esse governo que tinha menos da metade das UTIs? Que também não tinha a Carreta da Mulher, as quatro UPAS, as nove clínicas da família, que não tinha o Hospital Infantil, que hoje é referência nacional, que não tinha a contratação desses 3 mil médicos, 7 mil enfermeiros por concurso. Se estamos com dificuldade hoje, imagina como era antes. Por exemplo, na área de transporte, existe dificuldade. Mas como era com dez composições a menos no metrô? Sem os 2 mil ônibus novos, com carros velhos, até 20 anos de uso, sem a integração. Hoje os ônibus operam com câmeras, monitoramento por GPS e veículos mais seguros. O sistema de transporte precisa melhorar, sim, mas o que era há três anos? Hoje já podemos fazer esse convite à população para usar o transporte público. 

Apesar de todas essas obras e realizações, não houve melhora na avaliação do governo. Por que isso não se traduziu em crescimento de popularidade? Ou isso ainda não foi mostrado nas pesquisas?
Eu tenho convicção de que a avaliação desse governo começa a ser vista como um pouco diferente. Não é uma marca de um governo fraco a intervenção em duas empresas de transporte que há mais de 50 anos subjugavam a cidade em uma condição de inexistência do sistema público de transporte. Mas foi este governo que teve essa determinação, essa vontade política. Lembro que nos primeiros dias eu recebi provocações de que eu estaria usando óculos cor-de-rosa para enfrentar o problema do transporte público. Enfrentamos. Melhoramos. Dentro de poucas semanas, o Caje estará demolido, terá virado uma história. Era uma coisa desumana, um depósito de adolescentes e que não havia a menor possibilidade de uma reintegração. Hoje, através desses pequenos centros de reintegração, dotados de todos os cuidados possíveis, até a condição de vida o mudou. 

A multiplicação dos moradores de rua tem sido crescente nos últimos anos. O que o governo tem feito em relação a isso?
Em Brasília sempre teve um determinado momento que havia um pico de moradores de rua, que era o final do ano. A cidade sempre foi um atrativo. Hoje, na história de Brasília, é a primeira vez que um governo instituiu um programa de acolhimento. 

Deputados do PMDB chegaram a reclamar publicamente, alegando que a aliança não seria boa para nem para eles nem para o partido. Como o senhor lidou com essa pressão?
Se houve esse fato em algum momento, deixou de ser o ponto central de cada qualquer tipo de situação pessoal. O próprio partido na formatação de sua nominata, na reconstrução do PMDB, que passou por momentos difíceis, perdeu líderes de grande envergadura, por diversos motivos. Tivemos inclusive a saída do governador Roriz. Aí se fala “mas você reconstroi o partido”. Mas não adianta, no partido você não substitui. Você pode receber outro, reestruturar, mas perda é perda. 

Ficou mais fácil governar?
A cada dia ser gestor público é mais difícil, mesmo com o País entre as maiores economias do mundo. Estamos aí com desigualdades fantásticas que temos que enfrentar. É como se houvesse uma demanda represada e, de repente, quiséssemos uma série de mudanças em uma velocidade que não é própria no País. Vale parda a exigência da qualidade de transporte público, da aviação civil, de atendimento nos hospitais. Tem fim de semana que dois terços dos atendimentos na rede de saúde são para pessoas de fora do DF. Então nós poderíamos ter saúde ao nível da Suíça se tivéssemos que atender só as pessoas do DF. Mas não é nossa realidade. Esse fato estamos passando a exigir em uma velocidade para a qual o País ainda não está pronto. Aliado ao fato de que todo cidadão tem um celular, uma câmera e um celular. Cai a rede do metrô e antes do nosso centro de operações comunicar a gente, já está em um veículo de comunicação, até por causa da veiculação nos sites de relacionamento. Antes de sabermo, a mídia já está batendo na gente. As facilidades no aspecto da comunicação passaram a exigir muito mais do gestor público. 

Brasília ainda vai ter VLT?
Sem dúvida nenhuma. Brasília tem que fazer o VLT. Não há como fazer um sistema de transporte público sem os diversos modais, sem ônibus, sem metrô e VLT, não há como fazer. Tem que ser dada uma clareza de opção pelo transporte público coletivo e não pelo veículo. Não é possível que em uma cidade com cerca de 100 mil habitantes você pague para estacionar e na capital do Brasil não se paga estacionamento em lugar nenhum. Não existe isso no mundo. É privilegiar transporte individual em detrimento do transporte coletivo.

E a composição da chapa? A vaga do Senado pode ser usada para atrair novos partidos, como o PDT?
Não só o PDT. Temos aí diversos nomes que a gente julga interessantes na composição dessa chapa. O próprio senador Gim Argello, do PTB, pela história que ele tem, o PDT  e o PT, que reivindica essa vaga. Acho que tem que haver consideração dos partidos que formam a aliança. A vaga de senador tem que servir, não como moeda de barganha, mas como fato de construção e consolidação da aliança.
O senhor acha viável uma chapa que envolveria Roriz e Arruda? 
A principal receita para uma derrota política é você subestimar qualquer adversário. Eu não subestimo nenhum. É legítimo qualquer um que seja. O impossível é que nós não tenhamos adversário. Claro que vamos ter, claro que temos que ter. 
Há uma estratégia de vencer por W.O.?
Não. De forma alguma. Isso não existe. Lembro uma vez que o Lula falou sobre a importância da disputa eleitoral, da vitória e da vitória em segundo turno, que foi fundamental para amadurecer, como experiência, lição de vida e de resultado de composições políticas.

Quais seriam as marcas do governo Agnelo em caso de reeleição? Já podemos pensar em Filippelli 2018?
A gente tem que consolidar determinadas condições. Devemos continuar e muito no fato da atenção do aspecto à educação infantil. Isso é fundamental. Iniciamos e devemos chegar a números fantásticos até o final do nosso governo, mas isso precisa continuar sendo uma marca: essa grande transformação que nós estamos fazendo e que mostra um governo de mudança. Foi um governo que mudou muita coisa, inquestionavelmente. Essa campanha vai ser de confiança. Conseguimos implantar coleta seletiva,  vislumbrar desativação do lixão da Estrutural, a evolução do sistema de transporte. Fizemos uma etapa, tem muito o que vencer.  Se conseguirmos aprofundar e consolidar esses sinais, serão oito anos importantes para Brasília.

O senhor disse acreditar que a avaliação do governo já está melhorando. Mas a crise na segurança pública não influenciaria na popularidade?
Sem dúvida. Criou-se uma situação de quase pânico, uma epidemia. No entanto, os números diminuíram, asseguro, tanto absolutos quanto mais percentuais, que diminuíram muito mais. Um fato apenas traduz isso:  Brasília ter saído do ranking das 50 cidades mais violentas do mundo, onde outras 16 cidades brasileiras infelizmente permanecem.  
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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